3.3.04

A MONSTRA DA MÁQUINA DE CAFÉ

Onde se ganha o pão, não se come a carne. Seguir esse ditado aqui na firrrma não é muito difícil. Disk tem uma lenda que, quando nasce uma criança, Deus pergunta "Quer ser bonita ou trabalhar naquela firrrma?". Esse post é sobre uma criatura que escolheu muito a segunda opção.

Normalmente trabalhar me dá sono. Especialmente naqueles feriados em que você é escalado para fazer plantão. Pra completar, naquela tarde estava fazendo um calor dos infernos. Além de sono, trabalhar me dava sede. Então, fui fazer o refil da minha garrafinha de água no complexo social bebedouro/máquina de café/fumódromo.

Parênteses: no meu andar funciona o telemarketing de publicidade, um produtivo celeiro de tiazinhas que primam pela beleza e forma física, pelo bom gosto na escolha de indumentárias e também pela correção gramatical na utilização da linguagem verbal ou escrita. Na minha época de tabagismo corporativo, eu até convivia com algumas delas no fumódromo. No entanto, minha participação nos "diálogos" se limitava a resmungar concordâncias. Putz, do telemarketing inteiro, acho que só uma ou duas se salvavam, mas eram não-fumantes e provavelmente não-pensantes.

Pois então, lá estava eu, com minha garrafinha refil na boca da botija, quando chega uma dessas moças. Até que estou sendo bonzinho na descrição, assim como fui bonzinho ao cumprimentar aquele filhote de cruz-credo gigante que tem uma bunda que é o triplo do tamanho do tronco e que, apesar disso, só veste calças dois números menores que o indicado.

Eu esperava que ela passasse reto em direção ao fumódromo. Mas não. Ela vaio apertar um botão na máquina de café. A tal Lady Murphy devia estar conspirando para que aquele simples intervalo se transformasse num suplício. Eu fechei os olhos, rezando para ela não vir puxar assunto, mas era inevitável:
- Ai, que marasmo, né?

Eu abri os olhos, respirei fundo e levantei as sobrancelhas, concordando com a cabeça:
- É.
A porra do bebedouro devia estar com problema. Justo na hora que eu mais precisava que ele enchesse rápido a garrafinha, a torneira começa a falhar.

E a monstra não se contentava com minha clara demonstração que não estava a fim de papo. Encostou na máquina requebrando aquela bunda estratosférica de um modo que bloqueava totalmente a passagem do corredor. Com um braço inteiro levantado, como que acariciando a máquina de café, ela colocou a outra mão na "cintura", numa pose lânguida, sensual, de ataque:
- Bem que podia acontecer alguma coisa pra animar essa tarde, né?

Socorro! Antes que aquela monstra me agarrasse, fechei a garrafinha e, saída pela direita, sem olhar pra trás. Graças ao meu bom deus, nunca mais encontrei essa senhora.

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