18.2.03

DERROTAS

Quem tem conexão rápida pode desfrutar de certos tesouros oferecidos pela internet. Acabei de assistir ao jogo Brasil x Holanda da Copa de 74 no site de jogos clássicos de Copas da FIFA. Eu disse desfrutar, mas no caso deste jogo, a expressão seria outra. Naquela noite, nosso time em nada fazia lembrar a gloriosa seleção canarinho (desculpe o chavão), não apenas por estar de azul mas pela falta de tesão de jogar bola.

A Holanda tinha um esquema tático muito louco, sem contar o número das camisas (o goleiro jogava com a 8, o Cruyff com a 14). Eles se moviam em blocos, sufocando a saída de bola do adversário e fazendo o tal Carrossel Holandês girar no ataque, a ponto de deixar nossa defesa com vontade de tomar Dramin. E eles nem jogaram tudo que sabiam.

OK, nosso técnico era o Zagallo (já dá um desconto) e eu sou corintiano, mas o Rivelino que me desculpe, faltava alguém ali pra chamar a responsa e azedar a laranjada dos gringos. O Leão ainda que fez uns milagres pra coisa não ficar tão feia. E nosso poder de reação foi comparável ao nível intelectual dos militares que tocavam a ditadura por aqui naquela época. Resumindo: o jogo foi apertado, mas a derrota merecida. Medíocre e merecida.

Toda essa indignação foi só para contrastar com outra derrota: Brasil x Itália na Copa de 82. Foi com esse jogo que eu aprendi que no futebol não há lógica. E que Deus não é brasileiro pôrra nenhuma. Sócrates, Zico, Falcão, Júnior... o Brasil era o melhor time da Copa, jogando por poesia, uma sinfonia em campo. Um momento de desatenção e lá estava o tal do Paolo Rossi para conferir. Foi na casa da Vó Sabina, em Valparaíso. Meu Vô Zito ainda era vivo. Eu chorei naquela tarde. Meus primos também. A gente prometeu que nunca mais iria jogar futebol. E pelo resto daquelas férias de julho, a bola branca ficou encostada no porão.

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