11.11.04

VOVÓ AMPGALAXY

Dona Reine Magda tem 87 anos, 5 netos e uma prótese no fêmur. Antes da operação, fazia de tudo, ia a qualquer lugar, e de busão. Quem mandou jogar baralho na casa de uma amiga e não reparar "no degrau que separava a saleta de jogos da sala de jantar"?

Agora, o corpo não mais consegue acompanhar suas vontades. Para quem se orgulha de ter "sangue índio, forte", é difícil aceitar isso. Afinal, sua última temporada em um hospital fôra há mais de 50 anos, parindo uma pessoa. Com a fisioterapia, aos poucos, ela reaprendeu a andar. Eu ofereci apoio. Para que seu corpo não caísse, nem seu ânimo de viver.

O primeira ação do meu Plano de Incentivo à Reinserção da Dona Magda na Vida Social seria um evento gastronômico externo, tipo um jantar. Em vez de levá-la a uma cantina ou a seu restaurante predileto, pensei em fazê-la conhecer um ambiente novo, conceitualmente seria como apresentá-la ao século 21.

Naquela quarta-feira à noite, fomos ao ampgalaxy, o "modernoso" espaço da marca A Mulher do Padre que junta loja de roupas, bar/restaurante e pista de dança (cada um em seu devido andar). O primeiro problema foi explicar pra minha avó o nome do lugar. Para não engasgar soletrando siglas, saí pela direita dizendo que o restaurante chamava A Mulher do Padre. Ela adorou, já pensando na reação das amigas no próximo chá com biscoitos.

Chegando lá, a iluminação digamos que não era das mais ofuscantes. Inquieta por não conseguir ler o cardápio, minha avó se virou procurando um garçom e gritou em direção ao balcão:
- Ô, menino, acende essa luz, que isso está parecendo uma... boate.

1) O menino era uma menina, daquelas que raspam careca e se vestem como recrutas. 2) Nós estávamos em uma... boate. "O menino" tentou explicar isso para minha avó. Dona Magda me interrogava com o olhar, que eu fingi não encontrar, assobiando e observando o teto.

Pedidos os pratos, ela comeu direitinho, tomamos nosso cafezinho, "o menino" trouxe a conta e a gente já se preparava para ir embora. Era quase meia-noite, hora em que já se formava uma fila para entrar na porção balada/discoteca do espaço. Enquanto eu procurava o papelzinho do estacionamento, minha avó tricotava com a hostess, que já havia a convidado para voltar lá, só para dançar. Achei a poulra do papel e, quando o segurança abriu a porta, os descolados ao longo da fila começaram a aplaudir a vovó baladeira.

No caminho da volta, eu perguntei se ela tinha gostado do programa. Ela virou pra mim, arregalando os olhos:
- Milhares.

3 comentários:

Anônimo disse...

tenax.org: storica discoteca della nightlife fiorentina. Sul sito, la storia del club, gli eventi aggiornati e una galleria fotografica della discoteca

Anônimo disse...

Aê, meninão. Tava mais que na hora.

Anônimo disse...

Não entendi